sábado, 30 de março de 2013

O básico da tecnologia para bibliotecários. CDU online, Cutter, WordPress, Scriblio, Biblivre…

Este não é um artigo que pretende trazer alguma inovação, discutir a inserção de novas tecnologias no mundo tecnológico da bibliotecnomia, mas uma compilação de muitos recursos disponíveis – a tecnologia básica – na criação de uma biblioteca, orientado a muitos bibliotecários que precisam de elementos básicos para a criação/organização de uma biblioteca.
Lembro que em 2001 fui desafiado na criação de uma biblioteca, como estagiário de uma empresa de consultoria. O cenário na época era crítico: livros largados por salas (e mesmo em banheiros) e nenhuma tecnologia ou recurso básico da biblioteconomia disponíveis, tendo sido utilizada uma cópia da CDU, da tabela de Cutter e o “velho de guerra” winisis, sem a presença de um programador ou gerente de rede, ocasionando em uma base de dados de acesso em um único computador, monousuário. Já se vão 9 anos e muitas facilidades surgiram, e são estas que este artigo pretende elencar.
O primeiro problema é qual sistema de classificação utilizar. É claro que sempre será possível a criação de sistemas próprios, como já fiz em uma outra empresa, contudo, quando estamos falando de uma empresa técnica, com várias áreas distintas a CDD e a CDU acabam surgindo como soluções. Em 2001 utilizei a CDU em uma versão que poderíamos chamar de não muito legalizada (reprografia), mas mesmo partindo para este caminho é necessário que se tenha uma edição da classificação para se realizar a cópia, contudo, esta é uma das dificuldades que não se precisa ter tanta preocupação no passado.
Nos últimos dias, vários blogs da área de biblioteconomia anunciaram: “Está disponível na web a CDU e em português”! Para quem não viu esta notícia fica o endereço da CDU online (e gratuita) http://www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?lang=pt .
O uso da CDU disponibilizada pelo UDC Consortium é simples, constando em um menu superior links para os sinais, tabelas auxiliares e iniciais dos grupos de classificação de 0 a 9. Na área esquerda será exibida a estrutura da CDU, e na área a direita as informações sobre a classificação escolhida.
Definida a classificação torna-se necessária a designação numérica de autor e na imagem acima temos um programa já antigo, e útil, o “OCLC Dewey Cutter Program” que permite a consulta em 2 tipos de tabelas: “Cutter Four-Figure Table” e “Cutter Sanborn Four-Figure Table“. Com um uso simples, basta inserir o sobrenome desejado no campo “Text” para ver o código relacionado em “Cutter Number“. O programa (gratuito) pode ser adquirido em http://www.oclc.org/dewey/support/program/
Definido o sistema de classificação, o problema será a criação do catalogo, e sabemos que apenas quando o dono da biblioteca exigir ou não houver condições de ter disponível um computador, o uso de fichas é uma opção que não deve ser considerada. O uso do winisis também não deve ser considerado, pois estamos falando de um programa que não responde a todas as necessidades de uma biblioteca e de dificil utilização.
BIBLIVRE – Desenvolvido em parceria pela SABIN (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional) e a COPPE/UFRJ, o sistema é licenciado gratuitamente como GPLv3 e permite realizar os principais procedimentos em bibliotecas: pesquisa; circulação, reserva, empréstimo e devolução, entre outros. A principal vantagem é que seu uso é gratuito. Em sua versão 2, o Bibliotecno considerou este como um sistema lento para o que se propunha, contudo, na recente versão 3.0.2 o sistema tornou-se extremamente ágil, sendo a melhor solução indicada para bibliotecas públicas e bibliotecas/coleções particulares . Deve-se notar que o programa também tem algumas limitações de recursos, o que diminuiu na versão 3. O Biblivre é compatível com o formato MARC, importa dados através do protocolo Z39.50 e utiliza as linguagens de codificação mais usadas recentemente, como a UTF-8. Acesse a página do Biblivre aqui.
Baseado no Isis temos o PHL (atualmente na versão 8.2), que é um programa recheado em recursos para uma biblioteca tradicional – veja aqui – e baseado na web. O PHL permite realizar as rotinas de catalogação, a criação de um vocabulário controlado e de empréstimo. O problema é que é gratuito apenas para uso monousuário, mas não deixa de ser uma opção para pequenas bibliotecas. Acesse a página do PHL
Outros programas que merecem destaque são: Gnuteca, OpenBiblio e PMB (texto com detalhes do PMB no Bibliotecários Sem Fonteiras). O Bibliotecno recomenda uma visita ao Fórum de Softwares para Automação de Bibliotecas – clique aqui - onde será possível ter mais informações e discutir sobre estes e outros softwares.
Falar em sistemas de bibliotecas também é falar no MARC. Existem 2 links com o marc em português interessantes na web.
MARC 21 em Português: http://manualmarc21.wikidot.com/indice
MARC21 Formato bibliográfico (PUC-RIO) - http://www.dbd.puc-rio.br/MARC21/
MARC21
para recursos contínuos (publicações seriadas) traduzido por Salles, 2011: http://eprints.rclis.org/handle/10760/15421

Em http://www.loc.gov/marc/translations.html você pode encontrar diversas traduções do MARC, elencadas e sendo uma lista sempre atualizada pela LC.
Mas em muitos casos, atualmente, não adianta ter apenas um sistema de biblioteca, é necessário que esta se faça presente na web. Para isto, uma das melhores opções é o WordPress. Em sua versão 3.0 recém lançada, a ferramenta inicialmente de blogs ganha forma de CMS com o uso de plugins, tornando possível criar a página de uma biblioteca e interações com usuários.
Instalar o wordpress não é uma tarefa difícil, mas pode ser simplificada em casos onde o serviço de hospedagem realize o procedimento automaticamente. É bom frisar que para uma biblioteca que pretenda estar no mundo virtual o uso de hospedagens gratuitas poderá gerar alguns problemas (limitação de acesso, publicidade, não dar suporte a determinadas linguagens) e o custo médio de uma hospedagem paga, com espaço suficiente para uma biblioteca média, em torno de R$ 15,00 por mês não é absurso. Para a instalação, uso, descoberta de plugins e customização de layout, existem vários tutoriais na própria web, bastando buscar por wordpress em um site de busca.
Mas um plugin para wordpress merece destaque, o Scriblio. Este plugin permite transformar o wordpress em um catálogo OPAC. Um texto com muitas informações e textos sobre o uso do WordPress para bibliotecas e do Scriblio foi publicado pelo blog Bibliotecários sem Fronteiras em 2008 e pode ser lido aqui.
Veja, neste link, um exemplo do Scribilio sendo utilizado por uma biblioteca.

Modelo do Scriblio (+wordpress) para uma biblioteca
Outro serviço que já está no ar há anos e visa colaborar com bibliotecários no ato de fazer referências é o MORE (Mecanismo online para referências) criado por Maria Bernardete Martins Alves (bibliotecária) e Leandro Luis Mendes (aluno de graduação em Sistemas de Informação), numa parceria entre a BU (Biblioteca Universitária) e o RExLab (Laboratório de Experimentação Remota). O MORE facilita no ato da criação de referências indicando os campos necessários para cada tipo de informação e produzindo automaticamente as referências. O sistema também gera citações. Conheça o MORE clicando aqui
Com aplicação exclusiva para uma determinada instituição o sistema para geração automática de ficha catalográfica para teses e dissertações da biblioteca do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo impressiona, mas não pode ser utilizado por todos.
Bastando incluir os dados do trabalho (teses e dissertações dos programas do instituto) a geração de dados é rápida. O unico elemento externo é a inserção do número de Cutter, contudo, até mesmo este passo é absolutamente simples.
O sistema gera uma página em pdf já com a ficha catalográfica pronta para o uso no trabalho acadêmico. Segundo o trabalho que os criadores apresentaram no SNBU em outubro de 2010 a intenção é dar autonomia ao usuário, porém, para uma biblioteca que tenha o programa de edição de pdf da adobe o sistema poderá ajudar. Basta criar a ficha e após isto alterar os dados do curso com o editor de pdf

Ficha gerada pelo sistema
Outro serviço de grande utilidade aos bibliotecários e muito difundidos na web são os vocabulários controlados. Existem vários, dos mais genéricos aos mais específicos. O mais genérico, porém abrangente, e de grande utilidade para pequenas bibliotecas, principalmente escolares, públicas e até algumas bibliotecas universitárias é a base de terminologia da Biblioteca Nacional.
Imagine: vários bibliotecários trabalhando para gerar uma base de terminologia através de um acervo que corresponde a toda a publicação nacional em livros, revistas, jornais, mapas, iconografia, manuscritos, áudio… É assim que é feito o vocabulário da Biblioteca Nacional, que ainda conta com um grande suporte de pesquisas ao vocabulário da Library of Congress em sua construção.
O catálogo de termos da BN, que pode ser acessado em http://www.bn.br/site/pages/catalogos/terminologiaAssuntos/content.htm , conta com as relações de termos autorizados e não autorizados, relacionados e específicos e genéricos. Apresenta definições em alguns termos, regras de uso e sua origem.
Mas em termos de bibliotecas especializadas em temáticas o vocabulário da BN pode não ser a melhor solução, por mais que possa ser consultado como uma segunda opção ou para verificar a estrutura mais abrangente de um determinado termo. Vários tesauros estão disponíveis na internet. Abaixo o Bibliotecno lista alguns deles:
TESAURO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO (INEP): http://www.inep.gov.br/pesquisa/thesaurus/
VOCABULÁRIO DE GEOCIÊNCIAS (CPRM): ftp://ftp.cprm.gov.br/pub/pdf/didote/geodesc.pdf
VOCABULÁRIO CONTROLADO BÁSICO, DO SENADO (DIREITO): http://webthes.senado.gov.br/thes/default-vcbs.htm
Agora, se sua biblioteca fizer parte de uma organização maior que publique alguma revista e a intenção é levar este conteúdo ao público digitalmente, uma boa opção é o SEER. Ele é um Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas mantido pelo IBICT, baseado no Open Journal Systems utilizado o diversas revistas científicas. Em http://seer.ibict.br/index.php?option=com_mtree&Itemid=109 é possível encontrar mais informações, e o principal, informações sobre treinamentos e documentação.
Disponibilizar mais a meus usuários!
Com o crescente movimento da digitalização e, principalmente, dos documentos nascidos digitalmente, conhecer algumas bibliotecas digitais, repositórios e fontes torna-se importante para dar ao seu usuário conteúdo além daquele que sua biblioteca pode oferecer. Eis alguns que você deve conhecer.
Scielo – Repositório de revistas científicas, com busca por comunidade temática, área do conhecimento, por conteúdo dos artigos, edições, revistas, entre outras formas - http://www.scielo.org/php/index.php
Scielo Livros – Criado mais recentemente, reúne livros acadêmicos/científicos, seguindo as mesmas ideias do Scielo para revistas - http://books.scielo.org/
Biblioteca Nacional Digital – Livros, mapas, manuscritos, periódicos e diversos outros formatos de suportes em obras raras ou de importância cultural, social e cientificas disponíveis em formato digital - http://bndigital.bn.br/
Memória Hemerográfica Brasileira (em testes) - Projeto em testes da Biblioteca Nacional, disponibilizando mais de 600 títulos de periódicos (dados de maio de 2005) não científicos (em sua grande maioria). Neste momento o projeto disponibiliza principalmente jornais, tais como O Paiz (RJ), A Noite (RJ), Correio Paulistano, e muitos outros. http://memoria.bn.br
BTPD – Bibliotecno Periódicos Digitalizados (beta) – Iniciado pelo Bibliotecno, é uma fonte de informação para periódicos digitalizados. Ainda beta, visa, principalmente, complementar o projeto acima (Memória Hemerográfica Brasileira) facilitando e reunindo o acesso a diversos periódicos digitalizados por diversas instituições. www.bibliotecno.com.br/periodicos
BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – Mais específico para o universo acadêmico/Científico, a BDTD (mãe, mantida pelo IBICT) é um provedor de serviço (e de dados também) que agrupa diversas BDTDs de diversas instituições de ensino, com teses e dissertações produzidas nestas. http://bdtd.ibict.br/
LexML Brasil – No ramo da informação jurídica, visa agrupar todo o conteúdo legislativo, jurisprudencial e mais recente doutrinário de diversos portais jurídicos do brasileiros. http://www.lexml.gov.br/
O Bibliotecno espera que bibliotecários recém formad0s e aqueles com pouca interação com questões tecnológicas possam aproveitar estes recursos básicos para melhorarem suas bibliotecas e se posicionarem no mercado de trabalho.
14. Edição – Atualizado em 20/05/2012 às 10:58

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