Este não é um artigo que pretende trazer alguma inovação, discutir a
inserção de novas tecnologias no mundo tecnológico da bibliotecnomia,
mas uma compilação de muitos recursos disponíveis – a tecnologia básica –
na criação de uma biblioteca, orientado a muitos bibliotecários que
precisam de elementos básicos para a criação/organização de uma
biblioteca.
Lembro que em 2001 fui desafiado na criação de uma biblioteca, como
estagiário de uma empresa de consultoria. O cenário na época era
crítico: livros largados por salas (e mesmo em banheiros) e nenhuma
tecnologia ou recurso básico da biblioteconomia disponíveis, tendo sido
utilizada uma cópia da CDU, da tabela de Cutter e o “velho de guerra” winisis,
sem a presença de um programador ou gerente de rede, ocasionando em uma
base de dados de acesso em um único computador, monousuário. Já se vão 9
anos e muitas facilidades surgiram, e são estas que este artigo
pretende elencar.
O primeiro problema é qual sistema de classificação utilizar. É claro
que sempre será possível a criação de sistemas próprios, como já fiz em
uma outra empresa, contudo, quando estamos falando de uma empresa
técnica, com várias áreas distintas a CDD e a CDU acabam surgindo como soluções. Em 2001 utilizei a CDU
em uma versão que poderíamos chamar de não muito legalizada
(reprografia), mas mesmo partindo para este caminho é necessário que se
tenha uma edição da classificação para se realizar a cópia, contudo,
esta é uma das dificuldades que não se precisa ter tanta preocupação no
passado.
Nos últimos dias, vários blogs da área de biblioteconomia anunciaram: “Está disponível na web a CDU e em português”! Para quem não viu esta notícia fica o endereço da CDU online (e gratuita) http://www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?lang=pt .
O uso da CDU disponibilizada pelo UDC
Consortium é simples, constando em um menu superior links para os
sinais, tabelas auxiliares e iniciais dos grupos de classificação de 0 a
9. Na área esquerda será exibida a estrutura da CDU, e na área a direita as informações sobre a classificação escolhida.
Definida
a classificação torna-se necessária a designação numérica de autor e na
imagem acima temos um programa já antigo, e útil, o “OCLC Dewey Cutter Program” que permite a consulta em 2 tipos de tabelas: “Cutter Four-Figure Table” e “Cutter Sanborn Four-Figure Table“. Com um uso simples, basta inserir o sobrenome desejado no campo “Text” para ver o código relacionado em “Cutter Number“. O programa (gratuito) pode ser adquirido em http://www.oclc.org/dewey/support/program/
Definido o sistema de classificação, o problema será a criação do
catalogo, e sabemos que apenas quando o dono da biblioteca exigir ou não
houver condições de ter disponível um computador, o uso de fichas é uma
opção que não deve ser considerada. O uso do winisis
também não deve ser considerado, pois estamos falando de um programa
que não responde a todas as necessidades de uma biblioteca e de dificil
utilização.
BIBLIVRE – Desenvolvido em parceria pela
SABIN (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional) e a COPPE/UFRJ, o
sistema é licenciado gratuitamente como GPLv3 e permite realizar os
principais procedimentos em bibliotecas: pesquisa; circulação, reserva,
empréstimo e devolução, entre outros. A principal vantagem é que seu uso
é gratuito. Em sua versão 2, o Bibliotecno considerou este como um
sistema lento para o que se propunha, contudo, na recente versão 3.0.2 o
sistema tornou-se extremamente ágil, sendo a melhor solução indicada
para bibliotecas públicas e bibliotecas/coleções particulares . Deve-se
notar que o programa também tem algumas limitações de recursos, o que
diminuiu na versão 3. O Biblivre é compatível com o formato MARC, importa dados através do protocolo Z39.50 e utiliza as linguagens de codificação mais usadas recentemente, como a UTF-8. Acesse a página do Biblivre aqui.
Baseado no Isis temos o PHL (atualmente na versão 8.2), que é um programa recheado em recursos para uma biblioteca tradicional – veja aqui – e baseado na web. O PHL
permite realizar as rotinas de catalogação, a criação de um vocabulário
controlado e de empréstimo. O problema é que é gratuito apenas para uso
monousuário, mas não deixa de ser uma opção para pequenas bibliotecas. Acesse a página do PHL
Outros programas que merecem destaque são: Gnuteca, OpenBiblio e PMB (texto com detalhes do PMB no Bibliotecários Sem Fonteiras). O Bibliotecno recomenda uma visita ao Fórum de Softwares para Automação de Bibliotecas – clique aqui - onde será possível ter mais informações e discutir sobre estes e outros softwares.
Falar em sistemas de bibliotecas também é falar no MARC. Existem 2 links com o marc em português interessantes na web.
MARC 21 em Português: http://manualmarc21.wikidot.com/indice
MARC21 Formato bibliográfico (PUC-RIO) - http://www.dbd.puc-rio.br/MARC21/
MARC21 para recursos contínuos (publicações seriadas) traduzido por Salles, 2011: http://eprints.rclis.org/handle/10760/15421
MARC21 Formato bibliográfico (PUC-RIO) - http://www.dbd.puc-rio.br/MARC21/
MARC21 para recursos contínuos (publicações seriadas) traduzido por Salles, 2011: http://eprints.rclis.org/handle/10760/15421
Em http://www.loc.gov/marc/translations.html você pode encontrar diversas traduções do MARC, elencadas e sendo uma lista sempre atualizada pela LC.
Mas em muitos casos, atualmente, não adianta ter apenas um sistema de
biblioteca, é necessário que esta se faça presente na web. Para isto,
uma das melhores opções é o WordPress. Em sua
versão 3.0 recém lançada, a ferramenta inicialmente de blogs ganha forma
de CMS com o uso de plugins, tornando possível criar a página de uma
biblioteca e interações com usuários.
Instalar o wordpress não é uma tarefa difícil, mas pode ser
simplificada em casos onde o serviço de hospedagem realize o
procedimento automaticamente. É bom frisar que para uma biblioteca que
pretenda estar no mundo virtual o uso de hospedagens gratuitas poderá
gerar alguns problemas (limitação de acesso, publicidade, não dar
suporte a determinadas linguagens) e o custo médio de uma hospedagem
paga, com espaço suficiente para uma biblioteca média, em torno de R$
15,00 por mês não é absurso. Para a instalação, uso, descoberta de
plugins e customização de layout, existem vários tutoriais na própria
web, bastando buscar por wordpress em um site de busca.
Mas um plugin para wordpress merece destaque, o Scriblio. Este plugin permite transformar o wordpress em um catálogo OPAC. Um texto com muitas informações e textos sobre o uso do WordPress para bibliotecas e do Scriblio foi publicado pelo blog Bibliotecários sem Fronteiras em 2008 e pode ser lido aqui.
Veja, neste link, um exemplo do Scribilio sendo utilizado por uma biblioteca.
Outro serviço que já está no ar há anos e visa colaborar com bibliotecários no ato de fazer referências é o MORE (Mecanismo online para referências)
criado por Maria Bernardete Martins Alves (bibliotecária) e Leandro
Luis Mendes (aluno de graduação em Sistemas de Informação), numa
parceria entre a BU (Biblioteca Universitária) e o RExLab (Laboratório
de Experimentação Remota). O MORE facilita no
ato da criação de referências indicando os campos necessários para cada
tipo de informação e produzindo automaticamente as referências. O
sistema também gera citações. Conheça o MORE clicando aqui
Com
aplicação exclusiva para uma determinada instituição o sistema para
geração automática de ficha catalográfica para teses e dissertações da
biblioteca do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação
da Universidade de São Paulo impressiona, mas não pode ser utilizado por
todos.
Bastando incluir os dados do trabalho
(teses e dissertações dos programas do instituto) a geração de dados é
rápida. O unico elemento externo é a inserção do número de Cutter,
contudo, até mesmo este passo é absolutamente simples.
O sistema gera uma página em pdf já com a
ficha catalográfica pronta para o uso no trabalho acadêmico. Segundo o
trabalho que os criadores apresentaram no SNBU em outubro de 2010 a
intenção é dar autonomia ao usuário, porém, para uma biblioteca que
tenha o programa de edição de pdf da adobe o sistema poderá ajudar.
Basta criar a ficha e após isto alterar os dados do curso com o editor
de pdf
Outro serviço de grande utilidade aos
bibliotecários e muito difundidos na web são os vocabulários
controlados. Existem vários, dos mais genéricos aos mais específicos. O
mais genérico, porém abrangente, e de grande utilidade para pequenas
bibliotecas, principalmente escolares, públicas e até algumas
bibliotecas universitárias é a base de terminologia da Biblioteca
Nacional.
Imagine: vários bibliotecários trabalhando
para gerar uma base de terminologia através de um acervo que corresponde
a toda a publicação nacional em livros, revistas, jornais,
mapas, iconografia, manuscritos, áudio… É assim que é feito o
vocabulário da Biblioteca Nacional, que ainda conta com um grande
suporte de pesquisas ao vocabulário da Library of Congress em sua
construção.
O catálogo de termos da BN, que pode ser acessado em http://www.bn.br/site/pages/catalogos/terminologiaAssuntos/content.htm
, conta com as relações de termos autorizados e não autorizados,
relacionados e específicos e genéricos. Apresenta definições em alguns
termos, regras de uso e sua origem.
Mas em termos de bibliotecas especializadas
em temáticas o vocabulário da BN pode não ser a melhor solução, por
mais que possa ser consultado como uma segunda opção ou para verificar a
estrutura mais abrangente de um determinado termo. Vários tesauros
estão disponíveis na internet. Abaixo o Bibliotecno lista alguns deles:
TESAURO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO (INEP): http://www.inep.gov.br/pesquisa/thesaurus/
VOCABULÁRIO DE GEOCIÊNCIAS (CPRM): ftp://ftp.cprm.gov.br/pub/pdf/didote/geodesc.pdf
VOCABULÁRIO CONTROLADO BÁSICO, DO SENADO (DIREITO): http://webthes.senado.gov.br/thes/default-vcbs.htm
Agora, se sua biblioteca fizer parte de uma
organização maior que publique alguma revista e a intenção é levar este
conteúdo ao público digitalmente, uma boa opção é o SEER. Ele é um Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas mantido pelo IBICT, baseado no Open Journal Systems utilizado o diversas revistas científicas. Em http://seer.ibict.br/index.php?option=com_mtree&Itemid=109 é possível encontrar mais informações, e o principal, informações sobre treinamentos e documentação.
Disponibilizar mais a meus usuários!
Com o crescente movimento da digitalização
e, principalmente, dos documentos nascidos digitalmente, conhecer
algumas bibliotecas digitais, repositórios e fontes torna-se importante
para dar ao seu usuário conteúdo além daquele que sua biblioteca pode
oferecer. Eis alguns que você deve conhecer.
Scielo –
Repositório de revistas científicas, com busca por comunidade temática,
área do conhecimento, por conteúdo dos artigos, edições, revistas, entre
outras formas - http://www.scielo.org/php/index.php
Scielo Livros – Criado mais recentemente, reúne livros acadêmicos/científicos, seguindo as mesmas ideias do Scielo para revistas - http://books.scielo.org/
Biblioteca Nacional Digital
– Livros, mapas, manuscritos, periódicos e diversos outros formatos de
suportes em obras raras ou de importância cultural, social
e cientificas disponíveis em formato digital - http://bndigital.bn.br/
Memória Hemerográfica Brasileira (em testes) -
Projeto em testes da Biblioteca Nacional, disponibilizando mais de 600
títulos de periódicos (dados de maio de 2005) não científicos (em sua
grande maioria). Neste momento o projeto disponibiliza principalmente
jornais, tais como O Paiz (RJ), A Noite (RJ), Correio Paulistano, e
muitos outros. http://memoria.bn.br
BTPD – Bibliotecno Periódicos Digitalizados
(beta) – Iniciado pelo Bibliotecno, é uma fonte de informação para
periódicos digitalizados. Ainda beta, visa, principalmente, complementar
o projeto acima (Memória Hemerográfica Brasileira) facilitando e
reunindo o acesso a diversos periódicos digitalizados por diversas
instituições. www.bibliotecno.com.br/periodicos
BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
– Mais específico para o universo acadêmico/Científico, a BDTD (mãe,
mantida pelo IBICT) é um provedor de serviço (e de dados também) que
agrupa diversas BDTDs de diversas instituições de ensino, com teses
e dissertações produzidas nestas. http://bdtd.ibict.br/
LexML Brasil – No ramo da
informação jurídica, visa agrupar todo o conteúdo legislativo,
jurisprudencial e mais recente doutrinário de diversos portais jurídicos
do brasileiros. http://www.lexml.gov.br/
O Bibliotecno espera que bibliotecários
recém formad0s e aqueles com pouca interação com questões tecnológicas
possam aproveitar estes recursos básicos para melhorarem suas
bibliotecas e se posicionarem no mercado de trabalho.